Você sabia que existe relação entre o tratamento do câncer e a perda auditiva? O câncer é uma doença que pode afetar várias partes do corpo humano e, para combatê-lo, existem diversas formas de tratamento, como cirurgia, radioterapia e quimioterapia.
No entanto, essas terapias podem ter efeitos colaterais, e um deles é a perda auditiva, mais comum em pacientes que fazem radioterapia.
Por isso, neste artigo, vamos entender a relação entre o tratamento do câncer e a perda auditiva, e como isso pode ser prevenido e tratado. Continue a leitura para conferir!
O que é a Perda Auditiva?
Antes de entendermos a relação entre o tratamento do câncer e a perda auditiva, é importante compreender o que é essa condição.
A perda auditiva é uma redução na capacidade de ouvir sons, que pode ser temporária ou permanente. Existem diferentes tipos de perda auditiva, incluindo a perda auditiva condutiva, perda auditiva neurossensorial e perda auditiva mista.
Essa patologia pode ser causada por diversos fatores, como idade, doenças, lesões, infecções e exposição a ruídos excessivos. No entanto, um fator menos conhecido é o tratamento do câncer.
Qual é a relação entre o tratamento do câncer e a perda auditiva?
O tratamento do câncer é projetado para matar células cancerosas, mas também pode danificar células saudáveis.
Como as células ciliadas no ouvido interno são sensíveis e responsáveis por transmitir sinais sonoros ao cérebro, quando são danificadas, podem causar perda auditiva temporária ou permanente, dependendo da gravidade do dano.
Alguns tratamentos do câncer, como a quimioterapia e a radioterapia, podem afetar a audição de uma pessoa.
Quimioterapia
A quimioterapia é um tratamento comum utilizado para combater o câncer, mas pode ter efeitos colaterais graves em todo o corpo. Um efeito colateral comum, mas pouco conhecido, é a perda auditiva.
Esse tratamento pode danificar as células nervosas do ouvido interno — também conhecidas como ciliadas —, que são responsáveis por transmitir os sinais sonoros ao cérebro e, quando essas células nervosas são danificadas, a audição pode ser afetada.
Isso pode acontecer devido a alguns medicamentos quimioterápicos, como cisplatina e carboplatina, que podem danificar as células ciliadas no ouvido interno.
A perda auditiva induzida pela quimioterapia é geralmente bilateral — afetando ambos os ouvidos —, mas também pode ser progressiva, o que significa que piora com o tempo.
O grau de perda auditiva depende do tipo, dose, duração do tratamento quimioterápico e outros fatores, como idade e histórico médico do paciente.
Quimioterapia e zumbido nos ouvidos
Além da perda auditiva, a quimioterapia também pode causar zumbido nos ouvidos, também conhecido como tinido.
O zumbido é um som constante ou intermitente que pode ser descrito como um zumbido, chiado ou assobio, podendo ser leve ou grave e que interfere nas atividades diárias, como dormir e se concentrar.
O tinido é causado pelo dano às células nervosas do ouvido interno ou pela interrupção do fluxo sanguíneo para o ouvido interno. Assim, é comum em pacientes que receberam quimioterapia, especialmente aqueles que receberam altas doses de cisplatina.
Prevenção e tratamento da perda auditiva induzida pela quimioterapia
Embora a perda auditiva induzida pela quimioterapia possa ser grave, existem maneiras de minimizar seus efeitos colaterais e o tratamento mais eficaz é a prevenção.
Por isso, antes de iniciar a quimioterapia, os pacientes devem discutir seus riscos individuais com seu médico e realizar uma avaliação audiológica.
Outra opção é receber um tratamento preventivo, como amifostina — fármaco da classe das anfetaminas substituídas que age na citoproteção, ou seja, protege os tecidos sadios —, que pode ajudar a proteger as células nervosas do ouvido interno.
Além disso, também é recomendado que os pacientes limitem sua exposição a ruídos altos e protejam seus ouvidos com protetores auriculares.
Agora, para pacientes que já sofreram perda auditiva induzida pela quimioterapia, existem opções de tratamento disponíveis, como aparelhos auditivos e implantes cocleares.
Radioterapia
Assim como a quimio, a radioterapia é uma das principais opções de tratamento para diversos tipos de câncer. Apesar de ser uma forma eficaz de combater as células cancerígenas, também pode ter a perda auditiva como um de seus efeitos colaterais.
A perda auditiva pode ocorrer quando a radiação é aplicada na região da cabeça e do pescoço, o que inclui a área ao redor das orelhas. Sendo assim, a radioterapia pode danificar as células ciliadas na cóclea, que é a parte do ouvido interno responsável por transformar as ondas sonoras em sinais elétricos que são enviados para o cérebro.
Além disso, a radioterapia também pode danificar o nervo auditivo que transmite os sinais elétricos da cóclea para o cérebro.
Essa perda auditiva derivada da radioterapia pode ser temporária, permanente, unilateral ou bilateral, dependendo da dose de radiação recebida e da área tratada. Contudo, pacientes que recebem doses mais altas de radiação na região da cabeça e do pescoço têm maior risco de perda auditiva permanente.
Os principais sintomas da perda auditiva causada pela radioterapia incluem dificuldade em entender a fala, especialmente em ambientes ruidosos, zumbido nos ouvidos, sensação de pressão ou bloqueio nos ouvidos, e dificuldade em localizar a origem do som.
Prevenção e tratamento da perda auditiva induzida pela radioterapia
Para minimizar o risco de perda auditiva causada pela radioterapia, os médicos podem adotar diferentes abordagens.
Uma delas seria utilizar técnicas de radioterapia mais precisas, como a radioterapia estereotáxica ou a radioterapia com intensidade modulada (IMRT), que permitem direcionar a radiação para áreas específicas com maior precisão, reduzindo assim a exposição das estruturas auditivas à radiação.
Além disso, os médicos podem prescrever medicamentos para ajudar a proteger as células ciliadas da cóclea durante a radioterapia. Estes medicamentos — chamados de agentes ototóxicos — podem incluir antioxidantes, vitaminas e outros compostos que têm propriedades protetoras para as células auditivas.
De qualquer forma, os pacientes que estão em tratamento de radioterapia devem ser monitorados regularmente para detectar sinais de perda auditiva, além de garantirem que o acompanhamento audiológico seja feito antes do início do tratamento e em intervalos regulares durante e após o tratamento.
Enfim, a perda auditiva causada pela radioterapia pode ser um efeito colateral preocupante para os pacientes em tratamento do câncer.
No entanto, com a adoção de técnicas mais precisas de radioterapia, a utilização da cirurgia e a prescrição de medicamentos otoprotetores, é possível diminuir as chances de passar por esse problema.
Cirurgia
Como você deve imaginar, a cirurgia de tratamento de câncer pode ocasionar perda auditiva devido à sua proximidade com as estruturas do ouvido interno.
Isso se dá porque dependendo do local do tumor, pode ser necessário remover parte do osso temporal, que abriga as estruturas do ouvido interno, durante a cirurgia. Isso pode danificar o ouvido interno e causar perda auditiva.
Além disso, a cirurgia também pode causar danos ao nervo auditivo que conecta o ouvido interno ao cérebro e acontece em situações onde o nervo foi danificado durante o procedimento ou se houver inchaço ou pressão sobre ele após a cirurgia.
Como prevenir a perda auditiva durante a cirurgia de tratamento de câncer?
Embora a perda auditiva possa ser um efeito colateral indesejado da cirurgia de tratamento de câncer, há medidas que podem ser tomadas para minimizar o risco de perda auditiva durante o procedimento.
Uma dessas medidas é o uso de monitoramento intraoperatório do nervo auditivo, procedimento que envolve o uso de eletrodos para monitorar a atividade do nervo auditivo durante a cirurgia.
Caso seja detectada uma diminuição na atividade do nervo, a cirurgia pode ser interrompida temporariamente para evitar danos ao nervo.
Outra medida preventiva é a cirurgia conservadora, que envolve a remoção mínima necessária do tecido cancerígeno e que pode reduzir o risco de danos ao ouvido interno e ao nervo auditivo durante o procedimento.
Contudo, se mesmo assim ocorrer perda auditiva após a cirurgia de tratamento de câncer, existem excelentes opções de tratamento já mencionadas anteriormente, como aparelhos auditivos ultramodernos e implantes cocleares.
Como minimizar o risco de perda auditiva durante o tratamento de câncer?
Existem várias maneiras de minimizar o risco de perda auditiva durante o tratamento de câncer. Por exemplo, os pacientes podem ser submetidos a testes auditivos antes do tratamento para avaliar a audição basal e/ou serem monitorados regularmente durante o tratamento para detectar qualquer mudança na audição.
Além disso, os pacientes podem considerar o uso de protetores auriculares durante o tratamento, especialmente se estiverem expostos a ruídos altos ou barulho ambiente.
Também é essencial se comunicar com a sua equipe de saúde, informando-os sobre qualquer mudança na audição durante o tratamento. Além disso, certifique-se de conversar com o seu médico sobre a possibilidade de usar drogas menos ototóxicas ou ajustar a dose de drogas ototóxicas.
Informação é essencial
A perda auditiva é um efeito colateral comum do tratamento do câncer e pode ter um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes.
Por isso, é importante que os profissionais de saúde estejam cientes dessa relação e tomem medidas para prevenir, detectar e tratar a perda auditiva. Afinal, a detecção precoce é essencial para minimizar os efeitos da perda auditiva e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Por fim, se você deseja continuar aprendendo mais sobre a perda auditiva e todas as suas possíveis causas, não pode deixar de conferir esse nosso artigo!