Você já ouviu o termo “memória auditiva”? Também conhecida como memória ecóica, é o mecanismo responsável pelas informações sonoras que recebemos em curto prazo.
É graças a ela que as pessoas escutam sons e os reconhecem, habilidade importante do desenvolvimento humano e, quando existe qualquer problema nesse sistema, alguns distúrbios podem aparecer.
Por isso, no artigo de hoje, vamos entender o que é, como funciona e como podemos aprimorá-la. Confira!
O que é e como funciona a memória auditiva?
A saúde auditiva é fundamental para o bom desenvolvimento do aprendizado, da linguagem e dos processos cognitivos, e a memória auditiva nada mais é do que a capacidade de aprender ouvindo.
Sendo assim, a memória ecóica é um tipo de memória curta, um dos registros da memória sensorial e que pode até mesmo resistir a algumas lesões cerebrais.
Ela conta com uma grande área de armazenamento e é mais longa do que a memória visual, mesmo sendo de curto prazo.
O processo é composto por quatro etapas. São elas:
- audição: você escuta as informações faladas;
- processamento: o cérebro capta e interpreta o significado do que foi dito;
- armazenamento: a mensagem é absorvida e armazenada na memória de curto prazo, mas também podem ser guardadas na memória de longo prazo;
- lembrança: assim, é possível se recordar das informações ouvidas anteriormente.
Em outras palavras: os estímulos são enviados para o processador auditivo central e, ao chegar lá, uma imagem sonora é criada para que se fixe no cérebro por curto período de tempo.
Dessa forma, essa imagem sonora é reproduzida nas ocasiões em que aquele estímulo auditivo acontece. Alguns exemplos de quando a memória auditiva é ativada:
- lembrar mentalmente da voz de alguém;
- lembrar da resposta a alguma pergunta;
- produzir e reproduzir frases e sentenças;
- lembrar do nome de alguém que conhecemos há pouco tempo;
- repetir informações (como o número de telefone ou endereço) que ouviu recentemente.
Além disso, a memória sensorial abrange diferentes áreas do cérebro e é medida no córtex auditivo primário, mas a maioria dessas regiões ficam no córtex pré-frontal, local onde a concentração mental e o controle são processados.
Quais são os sinais de que existe algum déficit de memória auditiva?
Antes de tudo, é essencial deixar claro que perda de memória auditiva não é a mesma coisa que perda de audição.
Quando existem problemas que afetam a memória auditiva, é porque as zonas cerebrais interligadas às habilidades auditivas (como detectar sons e interpretar informações sonoras) foram afetadas.
Assim sendo, mesmo que o sistema auditivo periférico — que inclui cóclea, nervo auditivo, tímpano e ossículos — não sofra nenhum dano e o indivíduo consiga ouvir tudo o que é dito, não consegue interpretar e entender a mensagem captada.
É muito comum que algumas crianças que ainda estão em fase de desenvolvimento ou que tenham alguma dificuldade de memória auditiva (conhecida como distúrbio do processamento auditivo central ou transtorno do processamento auditivo) não consigam prestar atenção e gravar informações ou instruções fornecidas oralmente.
Por isso, fique atento se a criança apresentar algumas das seguintes características:
- dificuldade de alfabetização;
- se precisam de mais tempo para identificar e interpretar as informações ouvidas;
- se existe dificuldade em aprender uma nova língua;
- se há dificuldade em soletrar ou interpretar textos;
- se tem dificuldade em realizar tarefas que possuem diversas etapas.
É importante identificar os sintomas antes que o déficit de memória auditiva se transforme em transtornos relacionados à leitura, TDAH, dislexia e discalculia, por exemplo, consequência dos sentimentos de frustração e incompetência.
Portanto, ao notar qualquer comportamento citado acima e desconfiar que possa ser déficit de memória auditiva, basta buscar um profissional qualificado para realizar exames audiométricos, pois eles vão mostrar que não existe nenhuma perda auditiva, e sim, dificuldade para repetir o que foi ouvido.
5 dicas para potencializar a memória auditiva
De qualquer forma, é possível potencializar a memória auditiva com algumas atividades e brincadeiras que envolvem o sequenciamento dos sons, instruções sonoras e música, tornando tudo mais divertido.
Hoje, indicaremos 5 opções super simples de fazer em casa e que podem animar qualquer reunião entre amigos. Confira:
1. Adivinhe o som
Para brincar, utilize objetos que fazem sons variados (como sacolas plásticas, por exemplo) e peça para a criança fechar os olhos e identificar qual objeto faz aquele som.
Para complicar: Você também pode pedir para que ela se concentre na ordem que os sons estão sendo reproduzidos ou omitir um dos sons da sequência e pedir para a criança identificar qual está faltando.
2. Audiolivros
O simples fato de se concentrar no áudio, sem auxílio de imagens, ajuda a treinar a memória auditiva, além de incentivar a imaginação e o gosto por leitura.
3. Jogo do apito
Para jogar, basta que uma pessoa fique com o apito e os demais participantes façam uma fila, com pelo menos um metro de distância entre eles.
Quando o responsável pelo o apito emitir o som apenas uma vez, os outros devem dar um passo à frente. Se forem dois apitos, os participantes devem dar um passo para trás.
Dessa forma, quem errar os comandos vai sendo eliminado, até restar apenas um: o vencedor do jogo.
O principal objetivo da brincadeira é estimular o reconhecimento dos sons, das variações de intensidade, frequência e duração.
Para complicar: também é possível incluir outros comandos, como saltos, palmas ou quantidades de passos para criar diferentes níveis de dificuldade.
4. Reconhecendo a voz
Neste jogo, um dos jogadores deve ficar vendado e no meio de um círculo formado pelos outros participantes. Além disso, um integrante é designado para comandar a brincadeira.
Silenciosamente, o comandante escolhe uma pessoa da roda para dizer “quem é?” e quem está vendado dentro do círculo deve tentar descobrir qual dos jogadores falou a frase.
5. Viagem em pensamento
Nessa brincadeira, o participante deve fechar os olhos, pensar em um lugar para onde gostaria de viajar e escolher um objeto para levar com ele.
Depois, pergunte a ele qual lugar e artigo foi escolhido e forme uma frase, repetindo o objeto selecionado e incluindo mais um.
O jogador deve repetir a frase, acrescentar mais um objeto e assim sucessivamente, até ter vários itens escolhidos para ir dentro da mala.
Conclusão
Enfim, como fomos capazes de observar, a memória auditiva pode ser exercitada de diversas maneiras, como através de músicas e memorização das letras e ritmos, por exemplo.
Atividades como as citadas no artigo de hoje divertem e estimulam o desenvolvimento da memória ecóica, mas não excluem a necessidade de observar as reações para saber se é preciso buscar ajuda profissional e ter um diagnóstico completo.
Entretanto, existe outra forma de identificar mais facilmente sinais de problemas auditivos, que é conhecendo mais sobre a audição humana e, através deste nosso artigo, você pode aprender como ela funciona. Confira!