Você já ouviu falar no Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC)? Embora não seja um caso de perda auditiva, ele pode afetar seriamente a capacidade do nosso cérebro de interpretar os sons.
O TPAC atinge pessoas de todas as idades, mas é especialmente perigoso na infância. Isso porque é um problema capaz de comprometer as habilidades cognitivas das crianças e, desta maneira, dificultar o aprendizado da fala e da escrita. Aliás, pesquisas mostram que cerca de 5% das crianças em idade escolar sofrem com esse tipo de disfunção.
Sendo assim, a Binaural vai te explicar agora o que é, quais são os sintomas, o que causa e qual é o tratamento para o Transtorno do Processamento Auditivo Central. Acompanhe com a gente!
Processamento auditivo central: o que é?
Para que você entenda o processamento auditivo central, é necessário, primeiro, saber como funciona a nossa audição. Então, vamos explicá-la de maneira resumida.
O ouvido externo é quem faz a captação do som e o conduz pelo canal auditivo, até que ele chegue ao tímpano – uma membrana fina e muito sensível. Esta membrana, por sua vez, vibra com a chegada da onda sonora e movimenta os ossículos do ouvido médio – martelo, bigorna e estribo -, responsáveis por amplificar o ruído e conduzi-lo para o ouvido interno.
No ouvido interno, a cóclea converte as vibrações mecânicas em sinais elétricos, que são enviados ao cérebro por meio do nervo auditivo. Finalmente, o cérebro faz o processamento do som, identificando a sua localização e distinguindo-o de ruídos externos.
O que é o Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC)
Lendo a explicação acima, parece até que o processamento auditivo é demorado, né? Mas, como sabemos, tudo isso acontece em milésimos de segundos. Afinal, nosso cérebro recebe estímulos sonoros o tempo inteiro.
Porém, quando ele encontra, por exemplo, algum tipo de dificuldade para identificar de onde o som está vindo, separar falas de ruídos externos e reconhecer sons em sequência, temos o chamado Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) – também conhecido como Distúrbio do Processamento Auditivo Central (DPAC).
É importante ressaltar que o TPAC é diferente da perda auditiva neurossensorial. Nele, a pessoa não enfrenta problemas para enviar o som ao cérebro, ou seja, o ouvido interno funciona normalmente e a pessoa ouve sem qualquer limitação de volume. A complicação, portanto, vem depois: na hora de o sistema auditivo nervoso central interpretar os estímulos que vieram da cóclea.
Assim, é como se o indivíduo recebesse vários sons simultâneos, mas não conseguisse organizá-los de forma lógica, gerando confusão mental. Como resultado, aparecem os seguintes sintomas:
Sintomas de TPAC
- Aprendizado mais lento (principalmente em crianças);
- Atraso no desenvolvimento da fala e da escrita (em crianças);
- Troca de letras durante a fala;
- Desatenção frequente;
- Noção de lateralidade alterada (não saber ao certo de qual lado o som está vindo);
- Dificuldade de memorização;
- Problemas para seguir instruções;
- Necessidade de pedir para a outra pessoa que repita o que foi dito;
- Dificuldade para entender questões envolvendo raciocínio lógico ou duplo sentido;
- Cansaço e estresse durante aulas ou discursos longos;
- Dificuldade para manter o foco durante uma conversa.
Causas
As causas desse tipo de transtorno que afeta habilidades cognitivas ainda são, muitas vezes, desconhecidas. Porém, o que se sabe até agora é que o surgimento do TPAC é motivado principalmente por fatores genéticos e hereditários.
Apesar disso, existem outros aspectos que também podem causá-lo:
- Complicações na gestação (nascimento prematuro ou abaixo do peso, por exemplo);
- Traumas e lesões na cabeça;
- Otites de repetição;
- Doenças neurológicas e degenerativas, como a esclerose múltipla;
- Mudanças no cérebro causadas pelo processo natural de envelhecimento.
Como tratar o Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC)
Caso os sintomas listados acima sejam identificados, o primeiro passo é procurar um médico otorrinolaringologista. Ele fará uma avaliação física do paciente no consultório e depois, se julgar necessário, solicitará exames para obter o diagnóstico.
Como vimos, o distúrbio no processamento auditivo do cérebro é diferente de um caso de perda auditiva. Por esse motivo, ele não será detectado num exame de audiometria, por exemplo.
Para diagnosticar o TPAC, o procedimento mais comum é a Avaliação do Processamento Auditivo Central (PAC). Neste exame – geralmente feito por um fonoaudiólogo – o paciente realiza vários testes (podem variar de acordo com a idade) em uma cabine acústica, onde são simuladas situações que exijam localizar a origem do som, eliminar ruídos externos e diferenciar sons concorrentes.
Dessa forma, será possível analisar se há, de fato, alguma alteração na habilidade cognitiva da pessoa. Se houver, a reabilitação do paciente é feita por meio de sessões de treinamento auditivo, com o intuito de aprimorar as capacidades afetadas. Dependendo do caso, também será necessário fazer acompanhamento com outros profissionais, como pedagogos, neurologistas, psiquiatras e psicólogos.
Conclusão
Neste artigo, você pôde entender um pouquinho mais sobre o Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC), incluindo os seus sintomas, causas e tratamentos.
Vimos que, embora não comprometa as estruturas do ouvido, esse transtorno afeta o processamento dos sons no cérebro, dificultando o entendimento, a concentração e a memorização.
Se você gostou do conteúdo, aproveite também para ler este outro artigo do blog da Binaural: Reabilitação auditiva: o que é e como ela é feita?